NIGREDO 92
92-03-19-ac-rh- domingo, 26 de Janeiro de 2003
O FOLHETIM DA (MINHA) CRISE
Lisboa, 19/Março/1992, Quinta-feira - Assim como é difícil descobrir o factor desencadeante de uma crise, entre vários que se apresentam prováveis, é ainda mais difícil descobrir o factor que decisivamente terá contribuído para uma melhoria dessa mesma crise, após várias tentativas consecutivas um tanto no escuro e um tanto e tactear. Um tanto às cabeçadas.
De facto, de há um mês para cá, com a dor persistente no fundo do intestino, onde o Cólon passa ao Recto, creio eu, depois de uma moinha que só acidentalmente se torna dor e dor relativamente (in)suportável, depois de ter traçado um quadro onde via hemorróides, causadas pela crise de fezes ácidas, depois de entrar mesmo à beira do desespero, marcando consecutivamente consulta no Dr. Carlos Carvalho, no Dr. Pires da Silva e no Dr. José Faro, a ver qual deles me socorre primeiro, depois de tentar quase tudo na linha da «alcalinização» das fezes, pondo leguminosas de parte e colocando toda a ênfase nos alimentos alcalinizantes, depois de tentar a Maçã Reineta, o Arroz Integral, a Ameixa Umeboshi sob três formas - concentrado, salgada e pasta de Umeboshi - depois de percorrer a via sacra de alguns «medicamentos» ad hoc -- pomada natural para hemorróides, por exemplo, tisana contra hemorróides --, depois de suprimir inclusive suportes essenciais do meu quotidiano -- o Guaraná de manhã e respectivo Chá Verde - por suspeita de muito yin e de muito acidificantes, dada a quantidade de que tenho abusado, depois de nem sequer me lembrar que havia medicamentos de farmácia, eis que ontem, saio para a rua, abatido por todos os motivos e principalmente porque a dor no terminal do intestino não retrocedia, e dirijo-me, quase mecanicamente, para o mano Zé, que fui encontrar no fim do seu almoço no Snack onde ele costuma ir comer o seu peixinho cozido.
Tinha de o encontrar e encontrei-o. Fiz-lhe as minhas queixas, disse-lhe da minha aflição, e logo justo agora que me chamavam de Cabo Verde e eu tinha que me sentir de saúde em forma. «Nesse sítio que te doi -- diz-me ele - é o Períneo, e olha que a Próstata pode doer aí nessa zona». «Não me lixes -- repliquei eu -- com o intestino já tenho avondo, não me arranjes agora receios de próstata. E olha que tenho conseguido afastar o receio de Cancro no intestino». Continuámos falando, eu insistindo nas Hemorroides de tipo particular que me costumam atacar. Aquilo a que eu, à falta de melhor informação, chamo Hemorroides internas.
Até que, já de saída, ele diz-me que costuma utilizar um medicamento de farmácia - o Debridat 200 - quando se sente pior da Colite. E aqui é que eu desperto: afinal Colite é o que eu tenho e sempre tive, foi do que eu sempre sofri, porque raio não desviei logo a questão para este problema central: é da Colite e há-de ser sempre da Colite que eu principalmente me queixo. Coisa velha, a Colite tem que ver, evidentemente, com os outros sintomas: com o Fígado e a secreção da bílis (mais ou menos ácida); com as descargas ácidas pelo recto abaixo; enfim, está tudo relacionado mas, no caso concreto da dor persistente, é mesmo a Colite o que está em cheque, a Inflamação do Cólon. ( Como não me lembrei do Oligoelemento -- o Cobre/Ouro/Prata -- que deve estar presente sempre que a palavra termina em «ite», Sinusite, Rinite, Peritonite, Gastrite, etc?).
Ainda na linha da (suspeita de) Espasmofilia, para a qual me alertou o Carlos Carvalho e para a qual me receitou umas drageias -- Petadolor - que por si só não me adiantaram grande coisa, resolvi medicar-me na base do Magnésio, não apenas o Oligo que vinha a tomar incidentalmente, em doses ínfimas e catalíticas, mas agora em ampolas para duas tomas diárias. Neste momento levo três ampolas tomadas e foi esta manhã que o intestino funcionou com maior normalidade do que nas últimas semanas.
As fezes vieram deslizando com facilidade e suavidade e com textura mais fechada, mais uniforme do que nas últimas semanas. Agradeci a Deus essas fezes de esperança. Mas também ontem já tomei um dos comprimidos que o mano Zé me deu - o Debridat 200 - e só não fui para a dose-dupla-de-cada-vez que ele diz utilizar: tenho uma grande sensibilidade a medicamentos e vou sempre, por medo, para doses mais reduzidas do que as indicadas. Quer dizer: acredito que estou, finalmente, após várias semanas sem qualquer alteração sensível -- nem para pior nem para melhor -- a melhorar.
Está cá a dor mas de outra maneira. Dói de outra maneira e num quadro de sensibilidade orgânica diferente. Dá uma pequena margem à esperança. Portanto só tenho que louvar, por ordem de gratidão, o medicamento de farmácia Debridat, o Magnésio em ampolas ponderais e, também, o Crómio da «Golden Life» que recomecei ontem a tomar, bem como os antecedentes que prepararam bom terreno orgânico ao «medicamento específico»: o Concentrado de Ameixa Umeboshi que venho, prudentemente, tomando em doses diminutas.
Mas se Deus me ajudar à convalescença, acho que o centro do problema, nesta crise concreta, foi mesmo o Cólon e a forma como o Cólon ficou, mais do que irritado ou espasmódico (embora também) inflamado. É disso que se trata. E o leite de Soja foi com certeza o maior responsável (mais do que abuso de Oleaginosas ou mesmo da Vitamina E, embora também), o factor que mais contribuiu para fazer saltar essa crise de Colite.
Lembro que, em todo este intervalo de dúvidas, não suprimi mas tentei diminuir o Pão, tendo ficado com uma maior desconfiança em relação ao de Milho, que relativamente ao de trigo considerava menos acidificante. Tenho dúvidas por esclarecer. Mas também o integral muito integral não é nada conveniente, embora não o tivesse totalmente suprimido durante esta crise. Relaciono também muitas vezes o pão de trigo integral -- e o famoso Ácido Fítico -- com a minha acentuada tendência para descalcificar. É claro que o Tofu - ao contrário do Leite de Soja - andou sempre como a Proteína de recurso e de máxima confiança, durante as aflições desta crise, em que cheguei a recear todos os alimentos. O sumo de Laranja pela manhã em jejum, até esse suprimi por supô-lo demasiado yin e naturalmente com razão.
Embora não tenha a certeza de que a Laranja, enquanto Citrino doce, tenha reacção ácida ou alcalina. Mas a questão, para lá do Yin e do Ácido, não devo esquecer que era principalmente a inflamação do Cólon e foi essa que relutou em desaparecer ou em atenuar ao longo destas dolorosas semanas. Curioso que também as unhas (polegar, principalmente) acusam fortes brancos de há dois ou três meses; aí, a desconfiança de Descalcificação, vai para a garrafa Brita que durante dois meses me serviu para filtrar a água da torneira: durante dois meses, de facto, não comprei águas de garrafão. A desconfiança de Descalcificação surgiu-me associada a uma carência ocasional de Magnésio, na qual podia radicar a Espasmofilia que me causaria as Dores: a dúvida que me fica, de ontem para hoje, é que se teria obtido melhoras sem o Debridat e só com o Magnésio, ou vice-versa. Um dos dois foi, ou os dois em complemento.
Acho que sou mesmo um homem de Karma Yoga: tudo isto tinha que suceder à beira de uma tão grande aventura como é a ida para Cabo Verde. De facto, esta panóplia de recursos alimentares e medicamentosos que fui descobrir (e comprar, alguns bastante para o Caro) fazem parte daquela Farmácia de Emergência que tem de andar sempre comigo, o breviário dos breviários para a minha sobrevivência. E mínima capacidade de trabalho. Neste aspecto, o Karma Yoga funciona como técnica de sobrevivência. E não sei se a máscara africana, ali ao lado, acusada de ter feitiço negro, não está usando o seu feitiço para me empurrar a caminho da sua África, da África de que ela é um sinal.
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O FOLHETIM DA (MINHA) CRISE
Lisboa, 19/Março/1992, Quinta-feira - Assim como é difícil descobrir o factor desencadeante de uma crise, entre vários que se apresentam prováveis, é ainda mais difícil descobrir o factor que decisivamente terá contribuído para uma melhoria dessa mesma crise, após várias tentativas consecutivas um tanto no escuro e um tanto e tactear. Um tanto às cabeçadas.
De facto, de há um mês para cá, com a dor persistente no fundo do intestino, onde o Cólon passa ao Recto, creio eu, depois de uma moinha que só acidentalmente se torna dor e dor relativamente (in)suportável, depois de ter traçado um quadro onde via hemorróides, causadas pela crise de fezes ácidas, depois de entrar mesmo à beira do desespero, marcando consecutivamente consulta no Dr. Carlos Carvalho, no Dr. Pires da Silva e no Dr. José Faro, a ver qual deles me socorre primeiro, depois de tentar quase tudo na linha da «alcalinização» das fezes, pondo leguminosas de parte e colocando toda a ênfase nos alimentos alcalinizantes, depois de tentar a Maçã Reineta, o Arroz Integral, a Ameixa Umeboshi sob três formas - concentrado, salgada e pasta de Umeboshi - depois de percorrer a via sacra de alguns «medicamentos» ad hoc -- pomada natural para hemorróides, por exemplo, tisana contra hemorróides --, depois de suprimir inclusive suportes essenciais do meu quotidiano -- o Guaraná de manhã e respectivo Chá Verde - por suspeita de muito yin e de muito acidificantes, dada a quantidade de que tenho abusado, depois de nem sequer me lembrar que havia medicamentos de farmácia, eis que ontem, saio para a rua, abatido por todos os motivos e principalmente porque a dor no terminal do intestino não retrocedia, e dirijo-me, quase mecanicamente, para o mano Zé, que fui encontrar no fim do seu almoço no Snack onde ele costuma ir comer o seu peixinho cozido.
Tinha de o encontrar e encontrei-o. Fiz-lhe as minhas queixas, disse-lhe da minha aflição, e logo justo agora que me chamavam de Cabo Verde e eu tinha que me sentir de saúde em forma. «Nesse sítio que te doi -- diz-me ele - é o Períneo, e olha que a Próstata pode doer aí nessa zona». «Não me lixes -- repliquei eu -- com o intestino já tenho avondo, não me arranjes agora receios de próstata. E olha que tenho conseguido afastar o receio de Cancro no intestino». Continuámos falando, eu insistindo nas Hemorroides de tipo particular que me costumam atacar. Aquilo a que eu, à falta de melhor informação, chamo Hemorroides internas.
Até que, já de saída, ele diz-me que costuma utilizar um medicamento de farmácia - o Debridat 200 - quando se sente pior da Colite. E aqui é que eu desperto: afinal Colite é o que eu tenho e sempre tive, foi do que eu sempre sofri, porque raio não desviei logo a questão para este problema central: é da Colite e há-de ser sempre da Colite que eu principalmente me queixo. Coisa velha, a Colite tem que ver, evidentemente, com os outros sintomas: com o Fígado e a secreção da bílis (mais ou menos ácida); com as descargas ácidas pelo recto abaixo; enfim, está tudo relacionado mas, no caso concreto da dor persistente, é mesmo a Colite o que está em cheque, a Inflamação do Cólon. ( Como não me lembrei do Oligoelemento -- o Cobre/Ouro/Prata -- que deve estar presente sempre que a palavra termina em «ite», Sinusite, Rinite, Peritonite, Gastrite, etc?).
Ainda na linha da (suspeita de) Espasmofilia, para a qual me alertou o Carlos Carvalho e para a qual me receitou umas drageias -- Petadolor - que por si só não me adiantaram grande coisa, resolvi medicar-me na base do Magnésio, não apenas o Oligo que vinha a tomar incidentalmente, em doses ínfimas e catalíticas, mas agora em ampolas para duas tomas diárias. Neste momento levo três ampolas tomadas e foi esta manhã que o intestino funcionou com maior normalidade do que nas últimas semanas.
As fezes vieram deslizando com facilidade e suavidade e com textura mais fechada, mais uniforme do que nas últimas semanas. Agradeci a Deus essas fezes de esperança. Mas também ontem já tomei um dos comprimidos que o mano Zé me deu - o Debridat 200 - e só não fui para a dose-dupla-de-cada-vez que ele diz utilizar: tenho uma grande sensibilidade a medicamentos e vou sempre, por medo, para doses mais reduzidas do que as indicadas. Quer dizer: acredito que estou, finalmente, após várias semanas sem qualquer alteração sensível -- nem para pior nem para melhor -- a melhorar.
Está cá a dor mas de outra maneira. Dói de outra maneira e num quadro de sensibilidade orgânica diferente. Dá uma pequena margem à esperança. Portanto só tenho que louvar, por ordem de gratidão, o medicamento de farmácia Debridat, o Magnésio em ampolas ponderais e, também, o Crómio da «Golden Life» que recomecei ontem a tomar, bem como os antecedentes que prepararam bom terreno orgânico ao «medicamento específico»: o Concentrado de Ameixa Umeboshi que venho, prudentemente, tomando em doses diminutas.
Mas se Deus me ajudar à convalescença, acho que o centro do problema, nesta crise concreta, foi mesmo o Cólon e a forma como o Cólon ficou, mais do que irritado ou espasmódico (embora também) inflamado. É disso que se trata. E o leite de Soja foi com certeza o maior responsável (mais do que abuso de Oleaginosas ou mesmo da Vitamina E, embora também), o factor que mais contribuiu para fazer saltar essa crise de Colite.
Lembro que, em todo este intervalo de dúvidas, não suprimi mas tentei diminuir o Pão, tendo ficado com uma maior desconfiança em relação ao de Milho, que relativamente ao de trigo considerava menos acidificante. Tenho dúvidas por esclarecer. Mas também o integral muito integral não é nada conveniente, embora não o tivesse totalmente suprimido durante esta crise. Relaciono também muitas vezes o pão de trigo integral -- e o famoso Ácido Fítico -- com a minha acentuada tendência para descalcificar. É claro que o Tofu - ao contrário do Leite de Soja - andou sempre como a Proteína de recurso e de máxima confiança, durante as aflições desta crise, em que cheguei a recear todos os alimentos. O sumo de Laranja pela manhã em jejum, até esse suprimi por supô-lo demasiado yin e naturalmente com razão.
Embora não tenha a certeza de que a Laranja, enquanto Citrino doce, tenha reacção ácida ou alcalina. Mas a questão, para lá do Yin e do Ácido, não devo esquecer que era principalmente a inflamação do Cólon e foi essa que relutou em desaparecer ou em atenuar ao longo destas dolorosas semanas. Curioso que também as unhas (polegar, principalmente) acusam fortes brancos de há dois ou três meses; aí, a desconfiança de Descalcificação, vai para a garrafa Brita que durante dois meses me serviu para filtrar a água da torneira: durante dois meses, de facto, não comprei águas de garrafão. A desconfiança de Descalcificação surgiu-me associada a uma carência ocasional de Magnésio, na qual podia radicar a Espasmofilia que me causaria as Dores: a dúvida que me fica, de ontem para hoje, é que se teria obtido melhoras sem o Debridat e só com o Magnésio, ou vice-versa. Um dos dois foi, ou os dois em complemento.
Acho que sou mesmo um homem de Karma Yoga: tudo isto tinha que suceder à beira de uma tão grande aventura como é a ida para Cabo Verde. De facto, esta panóplia de recursos alimentares e medicamentosos que fui descobrir (e comprar, alguns bastante para o Caro) fazem parte daquela Farmácia de Emergência que tem de andar sempre comigo, o breviário dos breviários para a minha sobrevivência. E mínima capacidade de trabalho. Neste aspecto, o Karma Yoga funciona como técnica de sobrevivência. E não sei se a máscara africana, ali ao lado, acusada de ter feitiço negro, não está usando o seu feitiço para me empurrar a caminho da sua África, da África de que ela é um sinal.
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