RADIESTESIA 94
oqmieg-1>adn>cartas> oqmieg = o que me irrita em etienne guillé
15/JULHO/1994
DIÁRIO DE UMA DESCOBERTA - MASOQUISMO?
15/Julho/1994 -Não é já só um exercício de humildade o que a radiestesia exige de nós, exige de mim. Mas um acto de humilhação, de autopunição permanente, possivelmente para «reussir» aquele objectivo masoquista de «desestruturar» o suporte e emagrecer o Ego, os vários egos de que o nosso ego é composto. Acontece que nunca tive os meus méritos e talentos e conhecimentos em grande conta. Mas, para continuar vivo, ao longo de 61 anos, tive que apoiar-me em algumas muletas (receitas, porquoi pas?). Por exemplo: tendo perdido completamente a memória com uma intensiva medicação de Valium (que a medicina me receitava para a depressão crónica), refugiei-me nas ideias, no raciocínio, na inteligência, na pouca inteligência que me restava. Agora, na radiestesia, dizem-me que quanto mais estúpido melhor e tudo isso são «remparts», que impedem o meu acesso ao mundo do Continente Perdido. E nem mesmo é vantagem o que podia parecer uma vantagem - a falta de memória. Não é a falta de memória (memória tão necessária para decorar toda a matéria, bem exigente, da radiestesia) que interessa à destruição dos «remparts». Ainda estou, aliás, para saber o que será. Também o meu triste fado de ter sempre intuições muito antes dessas intuições chegarem ao limiar da opinião pública, só na aparência é uma vantagem em radiestesia. A intuição de que em radiestesia se fala não é a mesma. Tão pouco a memória é a mesma memória e a inteligência é a mesma inteligência e a sensibilidade é a mesma sensibilidade e a emoção é a mesma emoção. A intuição de que me reivindico está, ao que parece. muito ligada ao ego mental, às armadilhas do ego mental. Não digo que não, mas... A intuição de que se fala em radiestesia é uma intuição para os espaços-tempo transcendentes - que nada têm a ver com estes espaço-tempo lineares onde unica e pobremente me movo.
Mas não acaba aqui o meu triste fado de aprendiz de radiestesia. Eu que sempre odiei o Número (Nombre), as matemáticas puras (e impuras), a Geometria, a abstracção, tenho de reconhecer agora que o terreno de eleição da radiestesia é o Número. No entanto, no entanto, a Imagem, a Lenda, o Mito, tão relacionados com os Arquétipos, é que são também o terreno de eleição na radiestesia. No entanto, no entanto, acho que não é grande vantagem eu ter sempre privilegiado a Imagem, a Lenda, o Mito, e, na minha «petite bibliothèque», os contos e lendas, o inconsciente colectivo, as obras completas de Jung, os escritores e pintores surrealistas, os sonhos, a obra «Le Matin des Magiciens», esse poderoso «brain storming» e toda a bibliografia dela «issue», a revista «Planète» em 3 línguas, a poesia. É verdade, é verdade: de nada me serviu e só me criou remparts, ter cultivado a poesia, lido tantos poetas, ter publicado dois livros de versos. Teria, provavelmente, menos «remparts» se tivesse dedicado a minha vida de repórter a fazer a crónica da bolsa, em vez de me ter perdido e suicidado profissionalmente, com as energias alternativas, com as medicinas doces, com as tecnologias leves, com as artes e ofícios tradicionais. Teria menos «remparts» se tivesse consagrado os 35 anos de profissão a ganhar dinheiro, um carro, uma casa, etc. É caso para perguntar: se, por imposição da radiestesia, já deitei a minha biblioteca (e respectivos projectos) ao lixo, que mais devo deitar ao lixo, já que nem aquilo que, aparentemente, servia, a nova ordem de coisas e o novo cosmos, pareço ter acertado e efectivamente serve à exigente Gnose Vibratória?
Pas de révolte, mais une certaine malaise de tout ça. La vie est déjà une suprème chatice mas a gnose vibratória ameaça torná-la (se é que é possível) uma chatice encore «maior».
Por exemplo: há momentos, no discours de Patrice e de Etienne, em que sinto vibrar as minhas próprias ideias. Par exemple: quand vous nous parlez de mythes et de l'absence de mythes dans le monde moderne. J'ai elaboré presque une théorie à ce sujet, j'ai interpreté toujours les media, la littérature de fiction, les films, dans la base d'une mythologie contemporaine, très degradée mais qui est le miroir de la propre societé. Mas também o que escrevi sobre os mitos contemporâneos e a necessidade humana de mitos encaixa no que a Gnose Vibratória preconiza. Apesar das barreiras que oponho, porque será que tinha em casa, quando se deu o encontro com a radiestesia, a obra completa de Jung? E porque significou o «Le Matin des Magiciens» um «brain storming» poderoso? Porque coleccionei toda a revista «Planète»? Porque me fiz leitor do budismo tibetano e da ordem Nyingma?
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15/JULHO/1994
DIÁRIO DE UMA DESCOBERTA - MASOQUISMO?
15/Julho/1994 -Não é já só um exercício de humildade o que a radiestesia exige de nós, exige de mim. Mas um acto de humilhação, de autopunição permanente, possivelmente para «reussir» aquele objectivo masoquista de «desestruturar» o suporte e emagrecer o Ego, os vários egos de que o nosso ego é composto. Acontece que nunca tive os meus méritos e talentos e conhecimentos em grande conta. Mas, para continuar vivo, ao longo de 61 anos, tive que apoiar-me em algumas muletas (receitas, porquoi pas?). Por exemplo: tendo perdido completamente a memória com uma intensiva medicação de Valium (que a medicina me receitava para a depressão crónica), refugiei-me nas ideias, no raciocínio, na inteligência, na pouca inteligência que me restava. Agora, na radiestesia, dizem-me que quanto mais estúpido melhor e tudo isso são «remparts», que impedem o meu acesso ao mundo do Continente Perdido. E nem mesmo é vantagem o que podia parecer uma vantagem - a falta de memória. Não é a falta de memória (memória tão necessária para decorar toda a matéria, bem exigente, da radiestesia) que interessa à destruição dos «remparts». Ainda estou, aliás, para saber o que será. Também o meu triste fado de ter sempre intuições muito antes dessas intuições chegarem ao limiar da opinião pública, só na aparência é uma vantagem em radiestesia. A intuição de que em radiestesia se fala não é a mesma. Tão pouco a memória é a mesma memória e a inteligência é a mesma inteligência e a sensibilidade é a mesma sensibilidade e a emoção é a mesma emoção. A intuição de que me reivindico está, ao que parece. muito ligada ao ego mental, às armadilhas do ego mental. Não digo que não, mas... A intuição de que se fala em radiestesia é uma intuição para os espaços-tempo transcendentes - que nada têm a ver com estes espaço-tempo lineares onde unica e pobremente me movo.
Mas não acaba aqui o meu triste fado de aprendiz de radiestesia. Eu que sempre odiei o Número (Nombre), as matemáticas puras (e impuras), a Geometria, a abstracção, tenho de reconhecer agora que o terreno de eleição da radiestesia é o Número. No entanto, no entanto, a Imagem, a Lenda, o Mito, tão relacionados com os Arquétipos, é que são também o terreno de eleição na radiestesia. No entanto, no entanto, acho que não é grande vantagem eu ter sempre privilegiado a Imagem, a Lenda, o Mito, e, na minha «petite bibliothèque», os contos e lendas, o inconsciente colectivo, as obras completas de Jung, os escritores e pintores surrealistas, os sonhos, a obra «Le Matin des Magiciens», esse poderoso «brain storming» e toda a bibliografia dela «issue», a revista «Planète» em 3 línguas, a poesia. É verdade, é verdade: de nada me serviu e só me criou remparts, ter cultivado a poesia, lido tantos poetas, ter publicado dois livros de versos. Teria, provavelmente, menos «remparts» se tivesse dedicado a minha vida de repórter a fazer a crónica da bolsa, em vez de me ter perdido e suicidado profissionalmente, com as energias alternativas, com as medicinas doces, com as tecnologias leves, com as artes e ofícios tradicionais. Teria menos «remparts» se tivesse consagrado os 35 anos de profissão a ganhar dinheiro, um carro, uma casa, etc. É caso para perguntar: se, por imposição da radiestesia, já deitei a minha biblioteca (e respectivos projectos) ao lixo, que mais devo deitar ao lixo, já que nem aquilo que, aparentemente, servia, a nova ordem de coisas e o novo cosmos, pareço ter acertado e efectivamente serve à exigente Gnose Vibratória?
Pas de révolte, mais une certaine malaise de tout ça. La vie est déjà une suprème chatice mas a gnose vibratória ameaça torná-la (se é que é possível) uma chatice encore «maior».
Por exemplo: há momentos, no discours de Patrice e de Etienne, em que sinto vibrar as minhas próprias ideias. Par exemple: quand vous nous parlez de mythes et de l'absence de mythes dans le monde moderne. J'ai elaboré presque une théorie à ce sujet, j'ai interpreté toujours les media, la littérature de fiction, les films, dans la base d'une mythologie contemporaine, très degradée mais qui est le miroir de la propre societé. Mas também o que escrevi sobre os mitos contemporâneos e a necessidade humana de mitos encaixa no que a Gnose Vibratória preconiza. Apesar das barreiras que oponho, porque será que tinha em casa, quando se deu o encontro com a radiestesia, a obra completa de Jung? E porque significou o «Le Matin des Magiciens» um «brain storming» poderoso? Porque coleccionei toda a revista «Planète»? Porque me fiz leitor do budismo tibetano e da ordem Nyingma?
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